Texto sobre as obras expostas na exposição "a seco", 2019.
Tomando o desenho como uma constelação de processos e como um exercício de operações sensíveis partilháveis, que se desdobram em forma de paisagem, Márcio Diegues propõe trabalhos a partir da colagem e da montagem para o afundamento da visão. Para pensar o naufrágio como operação imaginária que redimensiona nosso olhar para o mundo Márcio apresenta dois trabalhos que partem da ideia do mar. O primeiro é a peça Atlântida – fragmento arruinado, balaústra de concreto encracado com conchas de mexilhão que remete a uma cidade afundada bem como à intervenção de uma história mitológica em nossas construções imaginárias. Já a obra Náufrago, copia da gravura de um naufrágio colado propositalmente na altura dos olhos de um retrato antigo, tenciona um novo sentido para ambos elementos.
Inês de Araújo e Regina de Paula