Monumento de vento – texto catálogo
Pensou-se, a partir de fórmulas e símbolos de uma iconografia do vento e do ar, formas tridimensionais que se relacionassem com o espaço, dando corpo e visibilidade ao vento; transformar a rosa-dos-ventos, enquanto símbolo científico e de localização, em gráfico visual. O resultado são objetos flutuantes que possibilitam dar corpo visível ao ar junto à estrutura arquitetônica do museu – ela própria uma grande estrutura aérea – potencializando a percepção de paisagem.
Para tanto, a partir de uma ação sensível de despetalar a roda dos ventos, construiu-se formas axiomáticas cônicas, de tecido, pendendo dos arcos por um aro de madeira que, como um funil, coleta o ar da paisagem, tornando visível a passagem do ar. A ideia do trabalho é criar uma amplificação desse corpo pneumático nessa relação sensível com os arcos do edifício, articulando junto ao desenho do lugar estes elementos plásticos que dilatam a percepção meteorológica na interação entre espaço construído e espaço natural, valorizando as linhas do edifício e da paisagem a partir dessa ocupação.
Nesse sentido, mais que valorizar as próprias estruturas construídas por Artigas, a intenção é também chamar nossa atenção para a paisagem que se constrói de nossas relações com a matéria e a efemeridade e assim arquitetam nossas dinâmicas de vida com o espaço - seja pelo devaneio, pela visualidade ou pela função.
Ao dar corpo ao vento a partir dos objetos que constroem a instalação pensada para o espaço dos Arcos, também me instiga relevar a corporeidade do próprio edifício do Museu de Arte de Londrina, restabelecendo sua ligação icônica e simbólica com a paisagem e conosco, ressignificando as estruturas e os órgãos desse corpo-temporal-espacial que compõe a cidade e seus habitantes.
Texto do catálogo PASSAGEIRA 16